2011/01/11

Aninhas

Amava o marido sem esforço ou preocupações. Ao amante, pelo contrário, estimava-o. Esmerava-se por lhe agradar. Acarinhava-o como se fosse uma criança pequena. Trazia-lhe as primeiras cerejas da época e comprava-lhe cigarros importados que largavam um fumo azul, adocicado, nos quartos de hotel onde se encontravam. Aninhas aplicava-se na traição. Sabia que o seu casamento dependia da estabilidade daquela relação. Quanto mais conhecia o amante, o romantismo insuportável que o fazia chamar-lhe meu amor, mais se consolava com a sobriedade do marido, a ausência total de afecto, o modo frio como lhe beijava o rosto.