2010/08/25

Abel

Um Abel qualquer coisa, especialista em saúde mental, escreve hoje no Público sobre a falta de candidatos presidenciais à direita. Está preocupado. A esquerda já tem quatro candidatos e, à direita, até ver, apenas se coloca a hipótese da recandidatura do actual presidente. Aquilo que à primeira vista poderia parecer uma vantagem para a direita, a proliferação de candidaturas de esquerda divide o eleitorado e torna certa a eleição de Cavaco, tem um travo amargo para o especialista em saúde mental, o tal Abel. Explica que, como muitos outros que integram a “ala católica”, não se revê nas atitudes e opções de Cavaco Silva. Quer uma alternativa que elucide e represente os valores e ideias da franja organizada da sociedade civil a que pertence: a ala católica. E propõe nomes: Ribeiro e Castro, Bagão Félix e Santana Lopes. Li a opinião do Abel pela manhã e passei o dia a pensar naquilo. Nem sei bem porquê. Tanta coisa importante em que reflectir e eu encalhada nas linhas escritas pelo Abel.

Não espanta que a ala católica se reveja em Bagão Félix e admita a candidatura de Santana Lopes. O primeiro gosta de botânica. É benfiquista e católico. Inteligente, argumenta com seriedade, sem sarcasmo ou cinismo. É difícil, mesmo para os que discordam das suas opiniões, não o respeitar. O segundo, não sendo um católico virtuoso, tem peso político e, sempre que pode, critica o actual presidente. O que me faz confusão é que a ala católica vá buscar um nome como Ribeiro e Castro. Dá vontade de soltar um palavrão. Não passa pela cabeça de ninguém. O estado da direita portuguesa é preocupante quando para candidato à presidência da república se aponta um nome como Ribeiro e Castro.