2009/07/08

Home

Fui ver Home, o filme da Ursula Meier. Alguém, nos esconsos labirintos da entidade pública responsável pela legendagem dos títulos dos filmes estrangeiros, manteve o Home original, acrescentando-lhe Lar Doce Lar. Ficou Home, Lar Doce Lar. Um mimo. Parece o título de uma comédia americana, daquelas que passam na televisão, repetidamente, nas tardes de domingo. Não é. É um filme sufocante e doloroso. Mostra-nos como as famílias são seres frágeis e como uma mãe pode ser, ao mesmo tempo, o seu pilar e o seu carrasco. A Isabelle Hupert, na sua magreza anóretica, com as suas saias floridas e os seus botins de bruxa, é, como sempre, magnifica. Os campos dourados fazem lembrar o Alentejo da minha infância. Entre os girassóis secos vivem gafanhotos pequeninos e pássaros pardacentos. Há melancias, melões e abóboras plantados nos terrenos mais arenosos. O sol queima. Home é um filme, mas também é um quadro, onde, como alguém já disse, são evidentes as influências de Edward Hooper e Jaques Tati. É um filme imperdível.