2009/05/21

Pénis Tatuado

Pela manhã, no comboio que vem de Alverca, uma mãe gabava a duas companheiras de viagem a tatuagem que o seu Leandro Miguel fizera no pénis. Linda, assegurava, assim tribal a fazer lembrar aquelas tribos da Indonésia, Polinésia ou lá o que é que é. As outras davam gargalhadinhas nervosas. A mulher devia ter uns quarenta e cinco anos e falava com entusiasmo do seu filho Leandro Miguel. Também tinha um piercing na língua. Usava as calças muito largas. Só queria roupa de marca. O boné custara-lhe quarenta e cinco euros. Os últimos ténis quase cento e vinte. Tinha dois brilhantes nas orelhas. Às vezes, para desenjoar, tirava os brilhantes e colocava umas argolas de ouro branco. Não era bom aluno. Isso, porém, não parecia preocupar a mãe. Que o filho fosse medíocre como ela própria era algo que parecia quase confortá-la. Por fim, em jeito de remate, para mostrar que era uma mãe modernaça, muito prá-frentex, que comungava dos interesses do filho, mostrou a tatuagem que fizera no tornozelo. Um golfinho saltando nas águas do mar. Uma beleza.

(Custa-me reconhecê-lo, mas o CDS tem muita razão naquilo que diz em relação à polémica da distribuição de preservativos. Compete às família, pobres, ricas, remediadas, e não à escola educar os filhos. Compete às famílias e não à escola assegurar que os miúdos tomam as precauções necessárias quando iniciam uma vida sexual activa. Compete às famílias explicar que o sexo não se inicia aos doze, nem aos treze, nem aos quinze anos e que quem o pratica corre riscos. Quem não quer educar os filhos, quem não está para os acompanhar, não os deve ter. Se o Leandro Miguel quiser foder, com o seu pénis tatuado, as feiosas todas do 10º ano da escola secundária da Arrentela que o faça. Se engravidar uma Bruna ou uma Micaela Cristina, cujo sonho secreto é participar numa novela da TVI ou ser capa da Maxmen, que engravide. Se apanhar uma doença infecto-contagiosa e morrer antes dos vinte e cinco é uma sorte para todos nós.)