2009/05/13

Feira

Os debates quinzenais na Assembleia da República, que escuto pela tarde, na volta para casa, mostram que a casa da democracia, como alguns gostam de lhe chamar, mais parece uma feira. Tudo se permite. Há a vozearia habitual, o bruá dos deputados arregimentados, que batem palmas enquanto tuitam, os urros, os insultos gratuitos, as estocadas finais, o cinismo das interpelações. Nada se discute. Pouco se esclarece. Servem os debates para a oposição acicatar o Primeiro-Ministro e para este mostrar que a elegância dos seus fatos armani não joga com o acinte e com a arrogância das suas explicações. Os debates quinzenais servem para mostrar outra coisa. Que o tempo corre depressa. Espanto-me pela manhã quando percebo que é dia de debate na Assembleia da República. Ainda não estou refeita dos dislates do debate anterior e já outro se anuncia para alegrar o meu fim de tarde.