2008/12/02

Goa

Nunca aqui escrevi sobre o primo Renato, goês delicado, de infindável ternura. Nem sobre o Cristo falante que, numa tarde de mornidão, mandou o tio Rosário gastar o dinheiro da casa no jogo. Também nunca escrevi sobre a noite vista do terraço, o fio de palmeiras, indicando o caminho para Rachol, onde mil morcegos habitam as profundezas do claustro, matilhas de cães vadios roendo a escuridão, o pequeno arbusto de tulsi, com um pau de incenso ardendo em sinal de respeito. Durante a noite os deuses habitam o quintal. Comem chicus e limas. Brincam com os lagartos e os esquilos. Escondem as garrafas de vinagre e de feni entre as ervas altas. Só para arreliar a tia Maria.