2008/04/29

Confeitaria Nacional

Entro na confeitaria mais bonita da baixa lisboeta. Fica perto de uma mercearia antiga, cujo nome não recordo, que vende chouriças cozidas da beira-alta e cacholeiras brancas do alentejo. Peço um café e um duchesse. Entretenho-me a olhar os bolos das vitrinas e a maquilhagem das empregadas que servem ao balcão. Uma das mulheres usa uma sombra azul e um baton cor-de-rosa que faz lembrar cetins de festa. Havia de não haver noites, penso, só manhãs luminosas como esta. As pastelarias estariam sempre abertas e eu encontraria sempre conforto junto dos bolos axadrezados, dos ratinhos de laranja, dos russos, dos quadrados de moka. Reparo, então, numa das mesas do fundo. Um homem da minha idade come um folhado de salsicha enquanto lê atentamente o rótulo de uma embalagem de lixívia. Estilhaça-me a manhã.