2007/11/24

Labirinto

podias ser o cigarro ultra-longo
que arde até queimar os dedos
podias ser o ar do ditongo
que aquece por dentro os segredos
podias ser o baque que esmaga
o olhar obsceno que assanha
o toque de anca que alaga
a unha diamante que arranha
serias o meu livro de areia
que traz a Maomé a montanha
a linha de vida que enleia
como na estratégia da aranha
serias o objecto perdido
que me faz sentir sempre pobre
o fio de Ariane escondido
cuja ponta o amor descobre
podias ser a vela cansada
o dia que eu apenas pressinto
podias ser a cera dourada
à espera no fim do labirinto.

Fio de Ariane, Clã