2007/04/24

Submissão

Há uns anos atrás Theo Van Gog realizou uma curta-metragem, a que deu o título adequado de "Submissão". Este pequeno filme falava sobre a opressão feminina na religião islâmica. Theo van Gog foi, como se sabe, morto por denunciar o que se passa com as mulheres islâmicas na Europa. Este homem fez mais pelos direitos das mulheres do que as ruidosas activistas de esquerda que, invocando tais direitos, se preocupam quase exclusivamente com as suas barrigas e com a questão do aborto. Nunca ouvi nenhuma levantar a voz contra a obrigação de uma mulher usar um véu a cobrir-lhe o rosto. Assim como nunca vi nenhuma preocupada com esse ritual macabro que é a excisão do clitóris feminino. Pelo contrário, enleiam-se no politicamente correcto, sendo mesmo capazes de arranjar fundamentos para o injustificável. Todas, ou quase todas, admitem a utilização do véu. Algumas admitem até a excisão do clitóris. Falam em liberdade cultural e liberdade religiosa. Avançam com a antropologia e a etnologia. Esquecem, claro está, que tais práticas põem em causa os direitos fundamentais das mulheres. Calam-se quando se noticia a humilhação diária a que são sujeitas as mulheres nas ruas de Teerão. Obrigar uma mulher a usar um véu é aceitar que pode ser apedrejada em público até à morte por adultério. É dizer que é admissível extrair-lhe o clitóris por lhe ser proibido o prazer sexual. Obrigar uma mulher a usar um véu é negar-lhe a liberdade. Obrigar uma mulher a usar um véu é dizer-lhes que é indigna. É atirar-lhe à cara a sua infinita menoridade. E nestes assuntos não há meio termo. Reclamo para estas mulheres exactamente os mesmos direitos que reclamo para mim. Nem que isso signifique ter de deitar para o caixote do lixo, pela pia abaixo, culturas milenares, séculos de tradições.