2007/04/04

Cream Kiss

À saída da pastelaria Cream Kiss, fiquei com o salto preso na grelha de uma sarjeta. Larguei um “foda-se, caralho” e entrei novamente para pedir ajuda à D. Clara, que tem um filho chamado Fábio André e vende bolas de berlim a pingar gordura às velhas da avenida. Experiente, a D. Clara libertou o salto, enquanto ofendia a edilidade, acusando-a de incompetente e corrupta. Anui e agradeci-lhe o resgate do meu sapato italiano. Ela voltou satisfeita para dentro e, sem lavar as mãos, continuou a aviar as suas freguesas, servindo-lhes galões em copos estalados e croisants maçudos que deixam na boca uma sensação fugaz de conforto. Corri para a estação. A minha auto estima, essa, não quis acompanhar-me. Ficou a escutar as conversas das velhas de Moscavide. Falam dos netos, das noras, das compras nas lojas chinesas, das filas no centro de saúde, da artrite, do preço da pescada na praça, do programa matinal que o Jorge Gabriel apresenta na companhia daquela rapariga loira, muito bonita, que escancara a boca e o decote.