2007/02/05

Ribadouro

Entardece. Subo a avenida. Mexo na dupata amarela que trouxe de um dos labirintos de Bombaim. As vozes de Mister Deluxe e de Austin ecoam ainda nos meus ouvidos. Hei-de ler, penso, com urgência, de supetão, com sofreguidão (é como se deve ler), o romance do Dinis Machado. Perto da cervejaria Ribadouro um homem-sombra atravessa-se no meu caminho. Pergunta-me se não quero fazer amor com ele. Assim mesmo. Não estranho que o homem-sombra se meta comigo. Deve meter-se com todas as mulheres que, sozinhas, pelo crepúsculo, encontra subindo a avenida. Estranho, isso sim, a inadequação das palavras que utiliza. As pessoas fodem, fornicam, copulam. Não fazem amor.