2007/02/13

Raízes (1)

As raízes são uma coisa estranha. Estão escondidas num mar baço de terra. As raízes são tentáculos de um polvo sedento de lembranças aquosas. São elas que alimentam, sustentam, estruturam. Umas crescem. Outras apodrecem. As raízes, as minhas, são invisíveis como as de toda a gente. Por vezes, porém, provocam-me reacções inexplicáveis. Como esta. Leio no Público uma entrevista a dois especialistas de política internacional que por cá andaram a convite da Fundação Oriente. Falam sobre as duas potências emergentes: a China e a Índia. Apontam as diferenças entre ambas. Explicam que a Índia é uma democracia há 60 anos. A maior do mundo, como a gaba o meu pai. Explicam também as diferenças entre ambas. Falam da capacidade intelectual e tecnológica da Índia. Leio e rejubilo. São as minhas raízes do levante que se agitam e se envaidecem. Fico insuflada, inchada de orgulho. Fecho o jornal, olho para quem passa com uma distância triunfal, como quem diz, tomem lá, seus palermas pálidos que é para aprenderem.