2006/10/30

Ode à Bicha Solitária (1)

No comprido intestino delgado
De um velho imperador japonês
Vivia, triste, uma pequena ténia,
Que chorava que nem um albanês.

Chamava-se Lénia, o pobre verme,
Nome pedante e estrangeirado,
Que em convívios, festas e bailes
Era quase sempre muito gozado.

Vivia a pobre Lénia tão sozinha,
Sem uma alminha com que falar.
Lamuriava-se nos intestinais corredores
Com o peito – ai, ai!- sempre a soluçar.

Para se alimentar a pobre coitada
Comia restinhos de sushi e sashimi
E, durante os dias, para se distrair,
Fazia tricô e figurinhas de oragami.

As mãos da Lénia eram canhestras
Muito pouco dadas a habilidades
E, por isso, as orientais figurinhas
Saiam-lhe sem qualquer graciosidade.